Sacerdote e mártir da Primeira Ordem (1739-1792). Beatificado por Pio XI no dia 27 de outubro de 1926.
Entre os 191 mártires trucidados pelos revolucionários franceses em Paris a 17 de outubro de 1792 estava também um capuchinho suíço, João Tiago Morel, ou seja, o Pe. Apolinário de Posat. Nascera 12 de junho de 1739 no vilarejo de Préz-vers-Noréal, perto de Friburgo, filho de João Morel e Maria Elizabeth Maître. Completou sua formação religiosa e escolástica na escola paroquial de Francisco José Morel, seu tio. Depois dos estudos teológicos, ordenado padre, em 1747, foi enviado para Préz-vers-Noreál, e logo depois para Belfaux onde o tio tinha sido transferido como pároco em 1752. Três anos depois aperfeiçoou sua formação no colégio São Miguel em Friburgo, dirigido pelos jesuítas e morou na casa da mãe que, desde 1750, fora feita parteira profissional de Friburgo pelo Estado.
A sua inclinação à piedade e à vida religiosa fazia prever sua próxima entrada na Companhia de Jesus mas, no dia 26 de setembro, aos 23 anos, vestia o hábito capuchinho no convento de Zug, com o nome de Frei Apolinário de Posat. Terminado o noviciado e emitida a profissão religiosa, foi encaminhado logo para as ordens sacras, sendo ordenado sacerdote a 22 de setembro de 1764 em Bulle, sua terra de origem. De 1765 a 1769 foi para Lucerna, onde estudou teologia com o Pe. Ermano Martinho de Reinach.
Bem preparado na piedade e na ciência, lançou-se no apostolado itinerante a serviço das várias paróquias e nas missões populares, de 1769 a 1774, mudando frequentemente para os conventos de Sion, Porrentruy, Bucce e Romont. No fim de agosto de 1774, por seis anos consecutivos, foi professor e diretor dos estudantes capuchinhos de teologia de Friburgo. Foi vigário conventual de Sion em 1780 e por um ano retomou a atividade missionária, sendo finalmente transferido, ainda como vigário, para o convento de Bulle.
Em 1785, em Stans, tornou-se diretor da escola anexa ao convento e catequista dos rapazes do vilarejo vizinho de Buren. Os seus dotes de apóstolo e a capacidade de explicar, de maneira atraente a doutrina, atraia muita gente que se ajuntava aos seus pequenos discípulos.
O seu confessionário era muito procurado. Depois da oração coral da meia noite ele quase nunca voltava a repousar, mas se dedicava aos estudos, à oração e à meditação.
Um apóstolo tão eficaz inquietou os inimigos da fé, iluministas e jurisdicionalistas, que começaram a difundir calúnias dizendo que as lições de catecismo do frade não eram ortodoxas ou desacreditando o seu ensinamento escolástico levando-o ao ridículo ou maquiando a sua reputação moral. A campanha diabólica crescia e Frei Apolinário foi constrangido pelos superiores a defender-se com um memorial. Para evitar maiores complicações aos confrades foi transferido para Lucerna aos 16 de abril de 1788.
Tempos depois o Provincial de Bretanha, Vitorino de Rennes, propôs a Frei Apolinário de Posat de trabalhar como missionário na Síria, junto aos confrades franceses. A Providência dispôs diversamente: Paris seria seu último campo de apostolado e o altar do seu sacrifício. As coisas se precipitaram, estourou a revolta, a 14 de julho de 1789 a Bastilha caiu nas mãos dos revoltosos e a revolução estendeu-se por todo território francês. O superior de Marais encarregou Frei Apolinário, que conhecia o tedesco de seguir os outros cinco mil tedescos presentes na cidade.
Suspensas as ordens religiosas e fechados 3 mil conventos e mosteiros, ele foi feito vigário para os fiéis de língua tedesca na paróquia de São Suplício e capelão dos encarcerados de Tournelle. Fechado no convento de Marais, encontrou alojamento em uma casa de leigos que ele utilizou como um convento de Clausura. Confiscados todos os bens eclesiásticos e promulgada a Constituição Civil do clero, os sacerdotes de São Suplício refutaram abertamente o juramento. Entre eles estava o Frei Apolinário que mais uma vez foi golpeado pela calúnia, como se ele tivesse aceito o juramento. Ele se defendeu com um opúsculo intitulado“Le Séducteur Démasqué’ dizendo que, obedecer à Igreja equivalia obedecer ao Espírito que fala através da Hierarquia e acrescentava: “Nós devemos escutar a Igreja e não a Comuna de Paris. É a sabedoria eterna que a comanda”.
De 13 para 14 de agosto de 1792 assistiu a um moribundo e de manhã celebrou a missa e depois se apresentou aos comissários da Sessão de Luxemburgo, declarando que não prestara juramento, apesar de não ser um conspirador. Foi imediatamente colocado junto aos 160 refratários na igreja do Carmo. Aos 13 de agosto de 1792 foi promulgado o decreto de deportação, para esconder o massacre já decidido para o domingo seguinte. O Comissário que presidiu às execuções, dizia-se desconcertado: “Eu não entendo mais nada; estes padres marcham para a morte com alegria como se fossem para as núpcias”.
“… Aleluia, aleluia, aleluia! Em verdade, em verdade vos digo, logo a França, impregnada pelo sangue de tantos mártires, verá florir a religião no seu solo”, disse Frei Apolinário antes de morrer.
Sacerdote da Primeira Ordem (1686-1770). Beatificado por Paulo VI em 17 de abril de 1968.
Santo Inácio nasceu em Santhià, diocese de Vercelli, em Piemonte, no dia 5 de Junho de 1686. Os seus pais chamavam-se Pedro Paulo Belvisotti e Maria Elizabetta Balocco. No batismo recebeu o nome de Lourenço Maurício. Após a profissão religiosa adotou o nome de Inácio.
Ficou órfão de pai desde a sua infância. Foi educado cristãmente por um sacerdote. Começou a distinguir-se pela integridade dos costumes, pelo aproveitamento nos estudos e pelo gosto em ser acólito no Colégio.
Entrou no Seminário diocesano e, aos 24 anos de idade, foi ordenado sacerdote. Dedicou-se à pregação colaborando com os Jesuítas. Depois, foi nomeado cônego do Colégio de Santhià. Foi-lhe oferecido, a seguir, o ofício de pároco. Porém, e, contra o parecer dos seus parentes, que previam para ele uma brilhante carreira eclesiástica, renunciou ao cargo. Pouco depois, com o desejo de conseguir uma maior perfeição, vencendo enormes dificuldades, entrou na Ordem dos Capuchinhos, quando tinha 30 anos de idade. Ali, fez a sua profissão religiosa em 1717.
Durante 25 anos, foi confessor assíduo e muito solicitado por pessoas de todas as classes. Durante o dia, passava horas ininterruptas, na direção espiritual e abria aos pecadores os caminhos misteriosos da bondade de Deus. Foi Mestre de noviços no Convento do Monte, em Turim. Sendo modelo das virtudes, soube orientar os jovens noviços pelos caminhos da perfeição franciscana.
Em 1724, rebentou a guerra e logo se notabilizou na assistência aos soldados feridos no hospital militar. Durante aqueles tempos turbulentos, soube ser o conforto e a ajuda para quem a ele se dirigia. Passou o resto da sua vida a ensinar o catecismo aos pequeninos e aos adultos, com uma competência, diligência e proveito verdadeiramente singulares. Orientou exercícios espirituais, especialmente para os religiosos, aos quais, com a palavra e com o exemplo, soube conduzir à espiritualidade cristã e franciscana.
Ingressou na vida religiosa à procura da humildade e da obediência. Durante 54 anos, converteu-se num grande modelo dessas virtudes. A sua alegria era estar no último lugar, sempre pronto para qualquer desejo dos seus Superiores.
Tendo já 84 anos, cansado pelo intenso trabalho apostólico que havia desenvolvido no meio da maior simplicidade e humildade, desejava voltar para Deus. Assim, no dia 22 de Setembro de 1770, partia para a Casa do Pai.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Sacerdote da Primeira Ordem (1887-1968). Beatificado por João Paulo II em 1999.
Nasceu em Pietrelcina (Sul de Itália) no dia 25 de Maio de 1887. Chamava-se Francisco Forgione. O nome de Frei Pio de Pietrelcina recebeu-o em 1903, quando entrou na Ordem dos Capuchinhos. Foi ordenado sacerdote a 10 de Agosto de 1910.
Viveu uma vida de exigência pessoal. Venceu os maus instintos. Foi rigoroso na luta contra os vícios, simples no vestir e na comida e extremamente cuidadoso em evitar atos que pudessem ofender a Deus, aos irmãos ou a qualquer pessoa. A vida de família iniciou-o nesta radicalidade e no Convento também encontrou ambiente que a favoreceu.
Frei Pio é considerado um grande místico por todas as pessoas a quem chegou a sua ação e influência. Nisto consistiu a radicalidade profunda e original da sua espiritualidade, que o faz ter admiradores em todos os Continentes, apesar de a maior parte das pessoas de hoje não entenderem o que se quer dizer com a palavra místico. Nada mais contrário ao mundo naturalista em que vivemos do que o conjunto de fenômenos sobrenaturais que se tornaram vulgares na vida do Frei Pio. Foram muitos os fenômenos, humanamente inexplicáveis, que marcaram fortemente a existência deste homem de Deus.
Assim como aconteceu com São Francisco de Assis, o Senhor crucificado quis partilhar com ele as dores da sua Paixão concedendo-lhe a graça dos estigmas, a 20 de Setembro de 1915. Este foi o acontecimento místico mais marcante na vida do Frei Pio, mas há outros que importa, pelo menos, enumerar: o dom da profecia, o dom do discernimento dos espíritos, o dom da bilocação, o dom das curas, o dom das conversões, o dom dos perfumes.
O que mais atraiu as multidões de todos os continentes ao Convento de São Giovanni Rotondo durante a sua vida, foi a celebração da Eucaristia, o heroico atendimento de confissões e a direção espiritual (a quem recorreu muitas vezes o Papa João Paulo II, então estudante de Teologia em Roma).
O Senhor concedeu ao Frei Pio a graça de deixar duas obras para a posteridade: a Casa do Alívio para o sofrimento e os Grupos de Oração. Acerca destes últimos, dizia: Os grupos de oração são os corações e as mãos que sustentam o mundo. Morreu no dia 23 de setembro de 1968.
Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.