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08 Bem-aventurado Nicolás de Gésturi - Capuchinho
08/06/2025

Religioso da Primeira Ordem (1882-1958). Beatificado por João Paulo II no dia 3 de outubro de 1999.

 

Em Gésturi, cidadezinha Sardenha, Itália, com aproximadamente 1.500 habitantes, nasceu, no dia 4 de agosto de 1882, João Ângelo Salvador, filho de pais de posses modestas, mas religiosos.

João era o quarto dentre cinco irmãos. Perdeu o pai aos cinco anos, e quando tinha treze, faleceu a mãe. Por isso, foi aceito como empregado não assalariado por um cidadão de razoáveis posses, sogro da sua irmã Rita, permanecendo aí mesmo após a morte deste seu parente. Curando-se de grave doença reumática, em março de 1911, vai a Cágliari, ao convento Santo Antônio, para ser aceito como religioso capuchinho.

Traz a recomendação do seu pároco, Pe. Vicente Albana, em que diz ter se entristecido com a partida do jovem de sua paróquia onde sempre fora de edificação para todos, não só pela sua piedade, mas também pela sua vida ilibada e pela austeridade de seus costumes. Veste o hábito capuchinho no dia 30 de outubro de 1913 e troca seu nome de batismo pelo de religioso, Nicolau de Gésturi, nome pelo qual será definitivamente conhecido na ilha de Sardenha, iniciando assim o seu noviciado.

Depois de oito meses, foi transferido para Sanluri, onde continuou o noviciado. Emitiu sua primeira profissão no dia 1º de novembro de 1914, confirmando sua consagração total a Deus no dia 16 de fevereiro de 1919 com a profissão perpétua. O primeiro trabalho como recém-professo é na cozinha do convento de Sassari, na Sardenha.

Embora tentasse exercer com capricho seu encargo, não conseguia agradar a muitos. Foi transferido para Oristano, depois para Sanluri onde fizera o segundo momento do seu noviciado. Por fim, os superiores o enviaram para a capital da Sardenha, que será definitivamente o seu lugar, onde viverá a humildade e a obediência.

Ali ele irá esmolar, batendo às portas, para o sustento dos freis que trabalhavam na pregação, ou atendiam outras urgências apostólicas. Frei Nicolau assumiu, como referência para sua vida e serviço fraterno de esmoleiro, a Santo Inácio de Láconi que vivera justamente naquele mesmo convento uns 150 anos antes.

Ao longo de 34 anos, como testemunha silencioso, percorre as estradas a pé, sobe e desce pelas ruelas dos bairros de Castelo e Vilanuova, vai às vilas vizinhas de Campidano, para depois percorrer em todos os sentidos as ruas de Cágliari. Para de caminhar apenas quando encontra pela frente a irmã morte corporal, às 0h15m de 8 de junho de 1958. Foi beatificado por João Paulo II aos 3 de outubro de 1999.

12 Bem-aventurado Guido de Cortona
12/06/2025

Sacerdote da Primeira Ordem (1190-1250). Seu culto e missa foram concedidos por Gregório XIII em 1583

 

Nascido em Cortona em torno de 1187, talvez da família nobre dos Vagnotelli,  durante o tempo da juventude pôde estudar, adquirindo boa cultura o que lhe facilitou mais tarde o acesso ao sacerdócio.  Não possuímos muitas informações a respeito de sua vida,  mas é certo que, como diz Wadding, Guido foi recebido na Ordem pelo próprio São Francisco em 1211. Pelo santo fundador, o piedoso jovem, que já se exercitara na oração e na ajuda aos pobres, foi aconselhado a distribuir todos os seus bens aos pobres e deixar o mundo. Assim recebeu o hábito da pobreza na igreja de  Santa Maria de Cortona.

Viveu boa parte de sua vida em eremitério não muito distante da cidade  cultivando mais intensamente a vida de piedade e de mortificação. Naquele lugar foi  construído um conventinho conhecido como “Le Celle” (foto acima) , um dos primeiros da Ordem Franciscana.

Uma vez ordenado sacerdote, passou algum tempo em Assis com Francisco, do qual obteve a licença de entregar-se à pregação. Este ministério executou com muito zelo e produziu abundantes frutos. Foi também contemplado com o dom dos milagres.  Por tudo isso, já em vida, Guido gozou de grande fama de santidade, sobretudo depois que Francisco passou por Cortona, elogiou seu confrade e pediu que os habitantes da cidade se confiassem à sua oração.

Por esta razão, depois de sua morte, acontecida a 12 de junho de 1247, em torno de seu sepulcro floresceram graças e milagres  favorecendo a todos os que buscavam  sua intercessão.

Seus despojos, conservados íntegros,  em 1258  por causa da invasão aretina sofrida pela cidade foram levados para Santa Maria de Cortona e colocados num digno sarcófago romano.  Nunca se soube com certeza o que aconteceu com este sarcófago.

Gregório XIII, em 1583, confirmou o culto ao bem-aventurado Guido somente para a cidade de Cortona. Inocêncio XII o estendeu  a toda a Ordem Franciscana. Guido foi lembrado por Pio  XII em 1947 por ocasião do VII centenário de sua morte.

(Tradução livre e adaptada da obra  Frati Minori Santi e Beati, publicação pela Postulação Geral da Ordem dos Frades Menores, 2009, p. 49-50)

12 Bem-aventurada Florida Cevoli (Lucrécia Helena)
12/06/2025

Virgem da Segunda Ordem (1685-1767). Beatificada por João Paulo II no dia 16 de maio de 1993.

 

De nobre família, nasceu em Pisa a 11 de novembro de 1685. Filha do Conde Cúrcio Cévoli e da condessa Laura Della Seta. Foi batizada com o nome de Lucrécia Helena. Estudou com as Clarissas no Mosteiro São Martinho, em Pisa, onde nasceu o desejo da vida religiosa.

Aos dezoito anos, ingressou no Mosteiro de Clarissas Capuchinhas de Città di Castelo, e no ano de 1703 fez sua vestição, recebendo o nome de Flórida. Sua mestra foi Santa Verônica Giuliani. Demonstrou grande espírito de oração e intenso desejo de progredir na vida contemplativa e o demonstrou pela disponibilidade em cumprir qualquer trabalho: na cozinha, despensa, fazendo pão, tornando-se responsável pela farmácia do mosteiro, serviço que exerceu toda a vida.

Em 1716 foi eleita vigária, era abadessa Verônica e aos quarenta e dois anos foi abadessa, cargo que assumiu até a morte (1767), com alguns anos de intervalos. Ela soube renovar o fervor religioso na comunidade: intensificou os atos de piedade e a comunhão sacramental durante a semana, zelou pela vida contemplativa cuidando do silêncio e da clausura. Favoreceu a pobreza e austeridade ao mesmo tempo em que alimentou o clima evangélico de fraternidade com o trato comum e respeitoso que abolia os títulos e fazia todas se sentirem irmãs.

Com seu senso prático da vida e com as boas maneiras de governar, soube concretizar os valores sobrenaturais em todos os atos do cotidiano. Nutriu devoção à Virgem das Dores, ao Anjo da Guarda, e confiou na proteção de São Francisco e de Santa Clara; sentia-se unida às almas do purgatório, exercitava-se continuamente na purificação interior. Desde jovem, pedia a Deus para não sentir gosto pelas coisas terrenas e saber renunciar à própria vontade. Sua caridade foi ativa e generosa com suas irmãs, com os pobres que batiam às portas do mosteiro e com algumas famílias que sabia estarem em dificuldades.

Sua correspondência era vasta e atingia todas as categorias sociais. A pedido do Pe. Inocêncio Cappelletti, confessor da comunidade, escreveu quatro cadernos sobre sua vida, rica de comunicações místicas. Após o falecimento deste, fez tudo para reavê-los, e quando os pode ter em mãos, jogou-os no fogo. Sofreu internamente angústias de espírito e externamente, com misteriosas doenças corporais, febres altíssimas, dores que martirizavam sua face impedindo-lhe até de falar.

Recebeu as cinco chagas como Santa Verônica, mas ao dar-se conta disso, pediu a Deus que no lugar da coroa de espinhos, chagas nos pés e nas mãos, tivesse algum sofrimento interno e foi atendida com uma impertinente herpes que cobriu todo seu corpo ao longo de vinte anos até à morte, manifestando o grande ímpeto de amor com estas palavras: “Ajudai-me a amar a Deus! Ajudai-me a amá-lo!” Seu confessor, que a acompanhou durante a última doença, comentou: “Morreu de puro amor de Deus”. Destacou-se por seu espírito de oração e responsabilidade. Morreu  a 12 de junho em 1767. Foi beatificada em maio de 1993 pelo Papa João Paulo II. Sua festa é celebrada no dia 12 de junho.

14 Bem-aventurada Yolanda
14/06/2025

Duquesa da Polônia. Viúva, religiosa da Segunda Ordem (1235-1298). Aprovou seu culto Leão XII no dia 26 de setembro de 1827.

 

Iolanda, ou Helena, como foi chamada depois pelos súditos poloneses, nasceu no ano de 1235, era filha de Bela IV, rei da Hungria, que era terceiro franciscano, e irmã da bem-aventurada Cunegundes. Além disso, era sobrinha de Santa Isabel da Hungria, também da Ordem Terceira. Aliás, a tradição franciscana acompanhou a linhagem desde seus primórdios, pois a família descendia de Santa Edwiges, Santo Estêvão e São Ladislau.

Porém é claro que Iolanda não se tornou Santa só porque vinha de toda esta tradição extremamente católica e repleta de Santos. Não basta ter o caminho da fé apontado para se entrar nele. É preciso que todo o ser o aceite e o corpo se disponha a caminhar por uma trilha de entrega total e muito árdua, como ela o fez.

Iolanda foi educada desde muito pequena pela irmã, Cunegundes, que se casara então com um dos reis mais virtuosos da Polônia, Boleslau, “o Casto”. Por tradição familiar e social da época, Iolanda deveria também se casar com alguém da terra e, anos depois, escolheu outro Boleslau, o Duque de Kalisz, conhecido como “o Pio”. Foi uma época de muita alegria para o povo polonês, que viu nas duas estrangeiras, pessoas profundamente bondosas, cristãs, justas e caridosas. Pena que tenha sido uma época não muito longa, pois alguns anos depois o quarteto foi desmanchado pela fatalidade.

Primeiro morreu o rei, ficando Cunegundes viúva. Logo o mesmo aconteceu com Iolanda. Ela já tinha então três filhas, das quais duas se casaram e uma terceira retirou-se para o convento das clarissas de Sandeck, onde já se encontrava Cunegundes. As duas logo seriam seguidas por Iolanda.

Muitos anos se passaram e as três damas cristãs continuavam naquele lugar, fazendo do silêncio do claustro o terreno para um fecundo período de meditação e oração. Quando morreu Cunegundes, em 1292, Iolanda deixou aquele mosteiro e foi mais para o ocidente, ao convento das clarissas de Gniezno, fundado por seu marido. Ali terminou seus dias como superiora, no dia 14 de junho de 1298.

Amada pela população, seu culto ganhou força entre os fiéis do Leste Europeu e se difundiu por todo o mundo católico, ao longo dos tempos. Seu túmulo tornou-se meta de romeiros, pelos milagres e graças atribuídos à sua intercessão. Em 1827, o Papa Urbano VIII autorizou a beatificação e marcou a festa litúrgica para o dia do seu trânsito.

20 Bem-aventurada Miquelina de Pesaro
20/06/2025

Viúva da Terceira Ordem (1300-1356). Aprovou seu culto Clemente XII no dia 24 de abril de 1737.

 

A cidade de Pesaro, na costa oriental da Itália, consagra uma devoção especial a esta viúva santa que foi um de seus membros. Nascida de pais ricos e ilustres, Miquelina Metellí se casou aos doze anos de idade com um membro da família Malatesta de Rimini. A união foi feliz, mas quando a morte de seu marido a deixou viúva aos vinte anos, com um único filho pequeno, parece que ela de modo nenhum ficou desolada. Sempre gostara dos prazeres da vida, e durante algum tempo continuou a levar a mesma vida de antes, dando pouca ou nenhuma atenção às práticas religiosas.

Vivia em Pesara por essa época uma terceira franciscana de origem e antecedentes desconhecidos, que atendia pelo nome de Siríaca. Vivia de esmolas, passava a maior parte de seu tempo em oração, e, para se abrigar de noite, dependia da hospitalidade casual das pessoas caridosas. Miquelina, que era uma daquelas que abriam suas portas à estranha, pouco a pouco foi sendo influenciada por ela.

Surgiu entre as duas uma familiaridade que resultou na conversão completa de Miquelina. Somente seu filho a prendia agora ao mundo, e quando ele foi vítima de certas queixas infantis, resolveu renunciar a tudo. Aconselhada por Siríaca, tomou o hábito de terceira franciscana, distribuiu seus bens aos pobres e passou a mendigar seu pão de porta em porta. Não era fácil para uma pessoa que sempre vivera no bem-estar e no conforto acostumar-se com restos de comida que ninguém mais queria. Certa vez, no início de sua nova vida, revelou a uma antiga colega que desejava muito saborear um pedaço de carne de porco assada de fresco. Ansiosa por lhe proporcionar este pequeno prazer, sua amiga convidou-a imediatamente para o jantar. Mas quando o prato com a carne foi trazido à mesa e o cheiro saboroso da iguaria lhe invadiu as narinas, Miquelina caiu repentinamente em si. Recusando-se a sentar-se à mesa, retirou-se da companhia da amiga e açoitou-se com uma corrente de ferro até o sangue escorrer.

A cada golpe, ela se apostrofava irada, exclamando para si mesma: “Ainda queres carne de porco, Miquelina? Ainda queres mais?” Teve de suportar muitas outras provações interiores e exteriores. Seus parentes criticavam severamente sua conduta, e durante certo tempo chegaram até mesmo a metê-la numa prisão como lunática. Sua paciência e brandura, porém, desarmaram-nos: concluíram que, embora iludida, ela não representava nenhum perigo, e a puseram em liberdade. O resto de sua vida ela o passou na renúncia de si mesma e na prática das boas obras.

Cuidava dos leprosos e de outros portadores de doenças repugnantes, exercendo os ofícios mais humildes em favor deles; e conta-se que curou vários deles, beíjando-lhes as chagas. No final de sua vida, Miquelina fez uma peregrinação a Roma, onde, em certa ocasião, lhe foi dada a graça de participar misticamente nos sofrimentos do Senhor. Morreu no Domingo da Santíssima Trindade de 1356, talvez aos cinquenta e seis anos de idade.

Desde o instante de sua morte foi venerada pelos seus concidadãos, que mantinham uma lâmpada acesa dia e noite diante de seu túmulo na igreja franciscana. Em 1580, a casa em que ela vivera, em Pesaro, foi convertida em igreja, e seu culto foi aprovado em 1737.

Encontra-se um breve relato de sua vida em “Acta sanctorum”, junho, voL IV, e em Wadding, “Annales Ordinis Minorum”, vol VIII, p. 140·143; diversas vidas foram publicadas no século XVIII por Bonuccí, Matthaei, Ermanno, Bagnocavallo e outros. Veja-se também Léon, “Auréole Séraphique” (traduzida para o inglês), voL II, p. 422·426. 

27 Bem-aventurado Benvindo de Gúbio
27/06/2025

Religioso da Primeira Ordem (+1232). Gregorio IX e Inocêncio XII em 1697 concederam em sua honra ofício e Missa.

 

Quando em 1222 São Francisco encontrava-se em Gúbio, apresentou-se lhe Benvindo, um nobre cavaleiro, ilustre pelos seu valor militar, suplicando-lhe que o admitisse na Ordem para combater as santas batalhas da penitencia e da pobreza e levar a toda a parte a mensagem de paz e bem. Já noutras oportunidades o Santo recebera como discípulos homens de armas, como Ângelo Tancredo, por estar convencido que certas características da vida militar eram uma espécie de noviciado para a vida religiosa, como por exemplo a obediência, as fadigas, as privações e os perigos. Por isso não hesitou em acolher o novo candidato, que foi mesmo considerado e chamado “Bem-vindo” entre os irmãos.

Apesar da sua ascendência nobre, escolhia agora para si as tarefas mais humildes e pesadas, distinguindo-se por uma obediência pronta, uma modéstia admirável, uma pobreza que o levava a contentar-se com um simples hábito remendado, um rigor de vida que só concedia ao corpo o estritamente indispensável. Não tardou assim a alcançar um alto nível de experiências místicas, e carismas vários, como o dom das lágrimas. Era com orações e lagrimas que intercedia pelos pecadores e pedia a sua conversão. A Eucaristia foi o sol que iluminou toda a sua vida espiritual. Jesus apareceu-lhe algumas vezes em forma de menino, que desde a hóstia consagrada lhe descia para os braços, embriagando-o de doçura.

Encarregado por São Francisco de tratar leprosos nas gafarias, esse exercício de caridade serviu-lhe de trampolim para a mais alta perfeição. Via-se assim obrigado a vencer-se constantemente a si mesmo e a vencer a repugnância natural em lidar com esses doentes, que se mostravam agradecidos pela caridade com que ele os tratava e comovidos com a sua santidade, e se encomendavam às suas orações.

Por causa da austeridade de vida e do trabalho árduo nas leprosarias, não tardou a ficar sem forças. Suportando com paciência as graves enfermidades que agora padecia, continuou assim a imolação que já fizera ao Senhor quando se pusera ao serviço dos leprosos. As etapas que o fizeram chegar à santidade foram a contemplação, o amor à Eucaristia, a devoção a Nossa Senhora, a imitação do seráfico Pai, a paciência nos sofrimentos e sobretudo a inesgotável caridade para com os leprosos. O senhor levou-o para junto de si a 27 de Junho de 1232.

28 Santa Vicência Gerosa
28/06/2025

Virgem da Terceira Ordem (1784-1847). Fundadora da Congregação Nossa Senhora Menina. Canonizada por Pio XII no dia 18 de maio de 1950.

 

Catarina Gerosa nasceu em 29 de outubro de 1784, em Lovere, no norte da Itália. Reservada e tímida, viveu um período da sua infância atrás do balcão do pequeno comércio da família. De saúde muito débil, não podia estudar. Modesta e caridosa, vivia uma espiritualidade simples, desenvolvida na missa, que frequentava todos os dias.

Os anos seguintes à invasão napoleônica da Itália mudaram sua vida. A crise econômica levou à morte primeiro seu pai, depois sua irmã Francisca e, por último, em 1814, também sua mãe. Apesar da tragédia pessoal, com ânimo e fé inabalável, Gerosa aceitou tudo com resignação. Confiante em Deus, sofreu no silêncio do seu coração, encontrando forças na oração e na penitência.

Teve o grande amparo de seu confessor e orientador espiritual, que pediu ajuda a Gerosa nas atividades religiosas desenvolvidas pela paróquia às jovens carentes. Com zelo, ela organizou um oratório feminino com encontros de orações e palestras religiosas.

Foi lá que, em 1824, conheceu Bartolomeia Capitanio. Era uma jovem professora de dezassete anos, nascida também numa família humilde, em Lovere. Desde menina, pensava em dedicar-se a praticar a caridade aos pobres e aos doentes. Por isso se diplomou professora no colégio das clarissas de sua cidade natal.

Conheceram-se por meio do pároco, porque ele queria que Gerosa criasse alguns grupos de orações para jovens. Ele sabia que Bartolomeia havia criado uma escola para instruir e dar formação religiosa às meninas pobres e abandonadas. Lá, Gerosa daria orientação nas práticas das atividades domésticas. A escola tornou-se um centro de encontro para jovens e muitos grupos de orações também foram criados.

Estavam tão empenhadas em auxiliar os pobres e enfermos que foram chamadas para ajudar no hospital de Lovere. Na oportunidade, tiveram a inspiração de dar vida a uma comunidade religiosa feminina do tipo das irmãs de caridade vicentinas. A situação política, entretanto, era desfavorável, não permitia essa interdependência. Um pouco antes, ingressou na Terceira Ordem Franciscana e absorveu um profundo espírito evangélico.

Com muita dificuldade, junto com a companheira, Gerosa fundou, em 1827, um novo instituto religioso regular, para dar assistência aos doentes, instrução gratuita às meninas abandonadas, fundar orfanatos e dar assistência à juventude. Foi chamado de Instituto das Irmãs de Maria Menina, com sede em Lovere e com as regras escritas por Bartolomeia. Para evitar objeções de caráter político, o instituto foi fundado autônomo. E assim independente ele permaneceu, cresceu e se difundiu nos anos subsequentes. Catarina Gerosa emitiu os votos, vestiu o hábito e tomou o nome de Vicência, sendo eleita madre superiora.

Em 1840, uma carta apostólica de Gregório XVI aprovou o Instituto de Lovere. A morte de Vicenta, aos 63 anos de idade, em 20 de junho de 1847, aconteceu quando já existiam 24 casas das “Irmãs de Maria Menina” espalhadas por todo o mundo, da Palestina até a América. Isso também motivou o Papa Pio XII na sua canonização em 18 de maio de 1950.

Morreu depois de uma longa doença, em 28 de junho de 1847, e foi sepultada ao lado da co-fundadora, no santuário da Casa-mãe, em Lovere. Atualmente, o Instituto das Irmãs da Caridade das Santas Bartolomeia Capitanio e Vicência Gerosa, ou Irmãs de Maria Menina, atua em toda a Europa, África, Ásia e nas Américas.

29 Bem-aventurado Raimundo Lulio
29/06/2025

Mártir da Terceira Ordem (1235-1316). Aprovou seu culto Clemente XIII no dia 19 de fevereiro de 1763.

 

Raimundo Lúlio nasceu em Palla de Maiorca, entre os anos de 1232 e 1233 e morreu em 29 de junho de 1315. Também conhecido como Raimundo Lulio em espanhol,  foi o mais importante escritor, filósofo e poeta, missionário e teóloga da língua catalã. Foi um prolífico autor também em árabe e latim, bem como em Langue d’Oc (ocitano).

Foi um leigo próximo aos  franciscanos, talvez tenha pertencido à Ordem Terceira dos Frades Menores. É conhecido como “Doctor Illuminatus”, embora não seja um dos 33 doutores da igreja.

Ramon era filho de uma família de boa situação financeira, eram seus pais Ramon Amat Llull e Isabel d’Erill.

Dedicou-se ao apostolado entre os muçulmanos. Casou-se com 22 anos com Blanca Picany da qual teve dois filhos: Domingos e Madalena. Mais tarde, após converter-se em 1262 tornou-se terciário franciscano. Em 1275, depois de uma experiência mística, da qual saiu com o duplo propósito de preparar-se para o Magistério e dedicar-se à conversão dos infiéis, e em vista das insistentes queixas de sua esposa abandonou definitivamente a família.

De acordo com Umberto Eco, o lugar do nascimento foi determinante para Llull, pois Maiorca era uma encruzilhada, ná época, das três culturas: cristã, islâmica e judia, até o ponto de que a maior parte de suas 280 obras conhecidas terem sido escritas inicialmente em árabe e catalão.

Além de ser o primeiro autor que utilizou uma língua neolatina para expressar conhecimentos filosóficos, científicos e técnicos e de se destacar por uma aguda percepção que o permitiu antecipar muitos conceitos e descobrimentos, foi o criador do catalão literário, com um elevado domínio da língua e seu primeiro novelista.

De família cristã, Lúlio conviveu com muçulmanos e judeus em sua ilha de origem. Lúlio converteu-se definitivamente ao cristianismo em 1263, no ano da famosa Disputa de Barcelona, entre um teólogo judeu, o mestre Mosé ben Nahman de Girona, e um judeu convertido, Pau Crestià. Nessa Disputa, foi utilizado o procedimento de partir das argumentações do livro revelado do opositor. A partir dessa época, os apologetas cristãos passaram a estudar em profundidade os textos islâmicos e judeus.

Mas Lúlio seguiu uma outra vertente. Em seu diálogo interreligioso, motivado pela tentativa missionária de conversão do “infiel”, preferia partir do que chamava de “razões necessárias”. É o que desenvolve, por exemplo, em O Livro do Gentio e dos Três Sábios (1274-1276).

Futuramente, criará uma forma de argumentação baseada na automatização do pensamento, na chamada Grande Arte, utilizando um procedimento baseado na Zairja.

Conhecido em seu tempo pelos apelidos de Arabicus Christianus (árabe cristiano), Doctor Inspiratus (Doutor Inspirado) ou Doctor Illuminatus (Doutor Iluminado), Llull é uma das figuras mais fascinantes e avançadas dos campos espiritual, teológico, literário da Idade Média. Em alguns de seus trabalhos propôs métodos de escolha, que foram redescobertos séculos mais tarde por Condorcet (século XVIII).