Necrologia

Selecione o Mês:

Frei Benjamim Salvador Ridolfo

21/06/1912
16/06/2004

Frei Benjamim Salvador Ridolfo nasceu em Piracicaba-SP no dia 21 de junho de 1912. Era filho de Artur Ridolfo e Maria Salvador Ridolfo. Foi batizado na igreja São Benedito em Piracicaba aos 8 de setembro de 1912 e crismado por Dom Joaquim Mamede da Silva Leite, em Piracicaba. Recebeu a Primeira Eucaristia na igreja Sagrado Coração de Jesus, Piracicaba, aos 15 de agosto de 1918. Fez os primeiros estudos em Piracicaba. Entrou para o Seminário São Fidélis aos 4 de julho de 1922.

 

Noviciado e Profissão

 

Vestiu o hábito franciscano capuchinho e iniciou o noviciado no convento Santa Clara, em Taubaté, aos 17 de fevereiro de 1929. Foi seu Mestre Frei Ricardo de Denno. Emitiu a profissão temporária perante Frei Tiago de Cavêdine no convento de noviciado no dia 23 de fevereiro de 1930. Fez a profissão perpétua perante Frei Manoel de Seregnano, em São Paulo, aos 19 de agosto de 1933.

 

Filosofia, Teologia e Ordenação

 

Estudou Filosofia e Teologia em São Paulo nos 1930 a 1932 e 1933 a 1936. Recebeu a Primeira Tonsura e as Ordens Menores conferidas por Dom Frei Luís Maria de Santana, em São Paulo, aos 20 e 21 de agosto de 1933. Foi ordenado Subdiácono por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, em São Paulo, no dia 10 de novembro de 1935 e Diácono por Dom Duarte Leopoldo e Silva aos 8 de março de 1936. Recebeu a Ordenação Sacerdotal pela imposição das mãos de Dom Frei Luís Maria de Santana, em São Paulo, aos 6 de junho de 1936.

 

Ministério sacerdotal

 

Concluídos os estudos em novembro de 1936, foi transferido para o Seminário São Fidélis de Piracicaba, como professor. Em janeiro de 1937 foi ser Vigário Cooperador em Penápolis. Em dezembro de 1938 recebeu nova transferência para o convento São José em Mococa onde foi professor no curso de Filosofia. Um ano depois, em dezembro de 1939, foi lecionar Teologia em São Paulo, sendo transferido para Taubaté em dezembro de 1940. De Taubaté, recebeu transferência para Santos como Vigário Cooperador e Vice-Guardião da Fraternidade Santo Antônio do Embaré. Aí permaneceu até janeiro de 1948, sendo transferido para São Paulo onde foi ser secretário no ginásio e lente na Escola Paulista de Direito (1945-1951). Residiu e trabalhou ainda em Taubaté (1951 a 1956), Piracicaba (1957 a 1959), Votuporanga (1960 a 1964), Birigui (1964 de fevereiro a maio) e São Paulo (1964 a 1996). Em São Paulo residiu e trabalhou no convento e paróquia Imaculada Conceição (1964 a 1983), exclaustrado (1984 a novembro de 1988), Fraternidade São Félix de Cantalício na Vila Guarany (1988 a 1998). No dia 4 de março de 1998 recebeu sua última transferência para a Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos em Piracicaba.

Nos conventos e paróquias onde residiu e trabalhou, Frei Benjamim foi professor no Seminário São Fidélis, nos cursos filosóficos e teológicos, lente na Escola Paulista de Direito e exerceu diversos cargos na Província e na Igreja: Pároco, Guardião, Assistente do Serviço de Assistência Social Missionária e da Federação dos Trabalhadores Cristãos.

 

Vigário Provincial

 

O Comissariado Provincial foi elevado a Província no dia 8 de dezembro de 1953. No 1º Capítulo Provincial realizado no convento Imaculada Conceição, em São Paulo, de 21 a 23 de dezembro de 1953, Frei Benjamim Salvador Ridolfo foi eleito 1º Definidor e Vigário Provincial, sendo nomeado pelo Definitório Guardião do convento de noviciado em Taubaté.

 

Na vida imortal

 

Frei Benjamim viveu seus últimos anos de vida na Fraternidade Nossa Senhora dos Anjos, Piracicaba. Faltando seis dias para completar 92 anos de idade, Frei Benjamim faleceu na Santa Casa de Piracicaba, aos 15 de junho de 2004, às 14 horas e 15 minutos. O atestado de óbito deu como causa da morte: “Insuficiência respiratória”, “Pneumonia bilateral”. Seu corpo foi velado na igreja do convento Sagrado Coração de Jesus, Piracicaba. Às 10 horas do dia 16, o Ministro Provincial Frei João Alves dos Santos presidiu a missa exequial concelebrada por vários sacerdotes capuchinhos e do clero diocesano. Após as exéquias finais seu corpo foi sepultado na Capela Mortuária dos Frades Capuchinhos no Cemitério da Saudade, em Piracicaba.

 

Secretário do Governador Ademar de Barros

 

Frei Mauro Strabelli, na homilia da missa exequial, “exaltou a cultura de Frei Benjamim, seus dotes de pregador e seu cultivo do português castiço. Lembrou ainda sua presença franciscana no meio político como Secretário do Bem Estar Social do governador Ademar de Barros, fato incomum naqueles tempos, nos idos de 1960” (Cf. “Vida Fraterna” Nº 424, p. 10).

Frei Paulo Giovanelli

05/11/1910
17/06/1981

Frei Paulo (Luís Giovanelli) nasceu em Faenza, Itália, aos 5 de novembro de 1910. Ainda jovem entrou para a Ordem dos Pregadores ou Dominicanos. Por Indulto da S. C. Religiosos 115a6/45, de 24-02-1945, passou para nossa Ordem Capuchinha, aceito pelo Definitório Geral aos 27-02-1945.

Vestiu o hábito capuchinho aos 13 de outubro de 1945 das mãos de Frei Epifânio Menegazzo, estando presente toda a família religiosa de Taubaté. Professou solenemente na Ordem aos 15 de outubro de 1946 perante Frei Felicíssimo de Prada, guardião. Na Ordem assumiu o nome de Paulo. Fora ordenado sacerdote em Bologna, aos 23 de julho de 1938.

Aqui, Frei Paulo exerceu o apostolado em Taubaté (até 1953); Piracicaba (até 1957), Botucatu (até 1959). Em 1959 é novamente transferido para Taubaté; certos atritos na fraternidade local fizeram com que fosse novamente para Piracicaba. Por Decreto de 21/05/1965 voltou para a Província de Bologna, entre os capuchinhos de lá. Agrega-se, depois, à Província de Veneza, na qual permanece até à morte, ocorrida no hospital provincial aos 17 de junho de 1981.

Frei Paulo procurava uma Província onde existisse a plena e rigorosa vida regular, o silêncio, as austeridades. Lamentava continuamente a indisciplina, falta de oração, falta de austeridade, etc. que dizia existir nas comunidades religiosas. Suas pregações ao povo eram violentas e prolixas, investindo contra tudo o que denominava modernismo, dissolução das famílias e dos costumes, agredindo especialmente as mulheres... Segundo ele, estas eram as causas dos grandes males no campo da moral... Como os antigos pregadores acentuava infalivelmente os desmandos contra o VI e IX mandamentos, num rigor e num sentido considerado bem jansenista por muitos que o ouviam. Várias vezes teve seu sermão interrompido pelos superiores, tanto pela prolixidade como pelos disparates ou exageros na agressividade. De grande e admirável cultura, citava facilmente dados e datas da História da Igreja e frases dos Santos Padres, com bastante lucidez, demonstrando invejável memória. Apreciava os Padres antigos mais penitentes e os santos mais austeros, como São Jerônimo, São Pedro de Alcântara...

Atendia muito a zona rural, indo aos sítios mais distantes a pé, não aceitando a célebre carona... Fazia seus exercícios em violentos trabalhos nas hortas e nos quintais, queimando energias... Lamentava continuamente o que considerava falta de rigor na Ordem e na Igreja. Apregoava o jejum, a penitência, a austeridade extrema na vida matrimonial. Apreciava o silêncio, pois era bastante misantropo; de pouco relacionamento, procurava a solidão e a quietude da meditação e da leitura; preferia autores e livros bem antigos, criticando certos livros, autores e até homens de grande piedade que no seu modo de entender eram “fracos”... Por várias vezes foi suspenso ou proibido de pregar devido a sua violenta terminologia especialmente contra as mulheres. Parecia lamentar ter de viver num mundo “totus positus in maligno”... e com pouca esperança de cura e de conserto...

Deus terá levado em conta seu zelo amargo, e piedosamente lhe terá dado a recompensa pela sua dedicação, penitência e rigor vividos com perseverança e a duras penas, pois em tudo seguia sua consciência e o desejo de fazer o bem.

Seu necrológio anota entre outras coisas que Frei Paulo era “bom religioso, manso e humilde, austero, dedicado à oração, solidão e penitência... Nihilominus demisso animo... et fere a spe destitutus; perpetuo dolebat et plorabat de nequitia et gravitate hujus mundi” (Analecta Ordinis F. M. Cappuccinorum, vol. 97, Novembro - Dezembro 1981, p. 402 ).

Restam-nos seus exemplos de luta pela virtude e pelo bem.

Frei Angelo Maria do B. Cons. de Taubaté

01/09/1887
19/06/1953

Frei Ângelo Maria do Bom Conselho (José Luís de Rezende) nasceu em Taubaté, a 1º de setembro de 1887. Filho de Paulino José Gonçalves e Cecília do Rosário de Rezende. Entrou para o Seminário Seráfico em Taubaté, aos 8 de dezembro de 1901. Vestiu o santo hábito aos 4 de fevereiro de 1904 com seus colegas Frei Luís de Santana e Frei Vital de Primiero. Professou solenemente a 26 de fevereiro de 1908. Ordenado Sacerdote em Campinas aos 12 de março de 1910 por Dom João Néry, bispo diocesano.

Concluídos os estudos dedicou-se com ardor e zelo ao ministério e ao magistério, trabalhando na formação de seminaristas e clérigos.

Logo após sua Ordenação nós o encontramos, a 25 de abril de 1912, como vigário em Pederneiras, por dois meses. De 30 de setembro a 13 de dezembro do mesmo ano, paroquiou Cananéia.

Por mais de um ano, de 21 de abril de 1913 a 31 de julho de 1914, percorreu, com Frei Damião de Grumes, as capelas da cidade e dos bairros de Taubaté. Suas pregações eram vibrantes e prolixas. Desagradava a muitos. À maneira dos profetas, não temia denunciar os erros e corrigir os faltosos, o que o levou a ter poucos simpatizantes. Por vezes pregava por 2 horas contínuas, e até mais, com violência e eloqüência. Certa vez o superior recomendou-lhe pregasse apenas 30 minutos. Preenchido o tempo, cortou o assunto e disse, descendo do púlpito: “Sou filho da obediência”... Uns eram a favor de sua loquacidade, outros eram contra e até diziam: “ louco”!!! Numa das Missões que pregou, pediu que todos carregassem uma pedra na cabeça, para fazerem penitência... e todos obedeceram.

Quando residente em São Paulo, o vigário da Bela Cintra pediu ao superior Frei Liberato que lhe enviasse Frei Ângelo para pregar a Quaresma, todos os domingos, na missa das 11 horas. Lá se foi o missionário e fez grande sucesso, pois seus sermões arrastavam mesmo. Pregou os vários domingos, e a igreja sempre mais cheia... No último domingo, porém, tomou como tema um discurso de Vieira que questionava mais ou menos o seguinte: “Por que é que em nossos dias a Palavra de Deus não produz os efeitos que produzia noutros tempos?” E daí partiu para uma Catilinária, (ou para um gesto profético?). – Dizia com veemência: “ porque os padres de hoje não pregam como deveriam. Só palavras bonitas... e sempre entra o dinheiro... (de fato, os afamados pregadores eram contratados para fazer seus discursos, e recebiam bem...). Não pregam por amor de Deus, mas pregam a Si mesmos, para ganhar fama, pregam coisas bonitas, palavras escolhidas, frases escolhidas, poesias... Ganham dinheiro para batizar, para crismar, para isto, para aquilo...” E, agravando a situação: “Os bispos também não ensinam e nem pregam... O catecismo é dado por “... etc. etc... E encerrando: “Se um dia, meus irmãos, eu vier pregar-lhes, não por amor a Deus mas por vaidade, soberba, orgulho, peço que rezem para que eu morra ao pé do púlpito”!!!”

Tal sermão que poderia servir num bom retiro do clero, assustou e abalou os ouvintes... mas muitos gostaram... Ao narrar o fato ao guardião, o vigário disse: “Fez uma Quaresma maravilhosa, mas ontem estragou tudo”!!!

Outra vez, convidado para pregar na igreja de Sant’Ana, bairro dos italianos, começou a dar uns palpites sobre o Tríduo e a festa. Os italianos não gostaram e lhe disseram ter vindo para pregar e não para organizar a festa... No púlpito, o padre leu em latim o trecho do Evangelho que diz: “E se algum lugar não vos receber nem vos quiser ouvir, ao partirdes de lá, sacudi o pó de debaixo de vossos pés como testemunho contra eles”... e sem mais, tomou as sandálias, bateu-as uma contra outra, e desceu do púlpito... sem outras mais palavras ou explicações...

Outra vez, também, ao pregar numa cidade, tomou consigo um jornal local em que havia artigos políticos de ataques mútuos e de partidos. Subindo ao púlpito, apresenta o jornal a todos, rasgou-o publicamente dizendo: “No Brasil só se fala em política. Envergonho-me de ser brasileiro”.
Lembrando tais passagens, Frei Liberato comentava: “Era maravilhoso para fazer o bem.. .Era maravilhoso para estragar tudo!!”

Certa vez, ainda no púlpito, defendendo a doutrina católica afirmou, para corroborá-la: “E minha virgindade não é um testemunho?”

Quando fazia suas palestras para seminaristas estudantes, às vezes interpelava um deles perguntando: “E se você for para o inferno?” E suas palestras amedrontavam. De onde proviriam tais maneiras e gestos de violência e zelo excessivo? Certamente as raízes estão na formação familiar. Seu avô “papua” – assim chamava o avô –, rezava de joelhos o Terço com as crianças. Sua mãe era muito austera e tratava os filhos como os antigos Padres-Mestres tratavam seus Noviços. Deviam pedir licença, de joelhos, para tomar água, sair a rua, brincar com os colegas etc.. Tamanha austeridade unida a seu próprio gênio o plasmaram como era: nervoso, sem tolerâncias, indiscretamente zeloso... Os que foram seus discípulos lembram-se ainda do amargo zelo de Frei Ângelo que não perdoava as faltas mais inocentes e recorria a castigos sem proporções com as faltas...
Ao mesmo tempo, Frei Ângelo era homem de grande piedade, austeridade, vida de oração, exigente consigo mesmo, sem meias-tintas... Criticava abertamente o que julgava errado. Quando foi conselheiro da Custódia Prov. juntamente com Frei Fidélis de Primiero escreveu cartas ao Geral pintando com cores negras a situação da mesma, o que provocou nomeação de um Comissário Geral...

Quanto aos cargos exercidos, além dos locais já citados, temos os seguintes:

1915-1916: Diretor do Catecismo e Externato de Piracicaba, sendo professor de Religião, Português e Música, no Seminário que estava naquele Convento, com 5 alunos... De julho a setembro de 1917: pró-pároco de Caxambu. - Em fins de 1922, superior na casa a ser aberta em Santos, dali saindo a 25 de junho de 1923, por estar muito abalado dos nervos (neurastênico). Em 1925, está novamente no Seminário, em São Paulo, como professor de Português, Música e Religião, além de prefeito de disciplina, auxiliado por Frei Ângelo Mosna. - Aos 10 de dezembro de 1928 vai com o Seminário fixar-se em Piracicaba. Em fevereiro de 1930, está em São Paulo, como diretor dos estudantes e professor de Filosofia e Literatura, além de Música e História da Filosofia.- 1931: pregador, em São Paulo, sob guardianato de Frei Liberato.- 1933: Ecônomo da Custódia e diretor da revista A SANTA CRUZADA até 1935. - 1936-1937, guardião em Taubaté. - Em 1938 está em Mococa. - De março de 1939 a fevereiro 1940, diretor e redator de ANAIS FRANCISCANOS, onde publica inúmeros artigos que revelam muito seu caráter e sua mentalidade. Em 1948, está em Taubaté. Em 1950, São Paulo, onde veio a falecer aos 19 de junho de 1953, um mês e quatro dias após a morte de seu ex-auxiliar Frei Ângelo Mosna. (A.F. julho 1953, p. 209. - REB - setembro 1953, p. 790).

Muito devoto de Nossa Senhora e de São José, por toda a parte o missionário propagava essas devoções, cuidando especialmente das Congregações Marianas e Irmandades de São José. Publicou: “O escapulário de São José”, “Cartilha das Missões”, “Pelo Jardim dos Anjos”, “Rastilhos de Luz”, “Frágoas de Amor”, “O Alfa Maravilhoso”, todos livros espirituais, além de “Guia da Semana Santa” e muitos artigos pelas revistas e jornais...

Apesar de seu gênio difícil, percebemos que Frei Ângelo trabalhou por muitos anos na formação de seminaristas e de estudantes, além de ser muito solicitado para pregações de missões, retiros, novenas etc.

Não pequeno número de pessoas o procuravam para orientação e direção espiritual e ele muito lhes recomendava a guarda da castidade, por vezes até com sério compromisso e votos.

Era irmão de Frei Modesto de Taubaté que, ao contrário de Frei Ângelo, era bem tolerante e gostava de “fazer a palavra abreviada”, mesmo celebrando missas, como já vimos.

Atacado de uma bronquite que muito o perturbava, veio a falecer em São Paulo, com 66 anos de idade natural e 48 de vida religiosa, recebendo de Deus a recompensa de sua dedicação ao Reino e de um certo profetismo que exerceu muito a seu modo.

 

(Cf. REB, setembro 1953, p.790). (AOMC, 69, 185)

Frei Damião de Grumes

12/12/1854
21/06/1927

Aos 4 de junho de 1897 o Provincial Frei Dionísio de Soraga acompanhado de Frei Rafael de Vallarsa chegava a Piracicaba para a Visita Canônica. Trazia dois novos missionários: Frei Fernando de Seregnano e Boaventura de Aldeno. Entusiasta da Missão, ao voltar para a Província cumpriu promessa feita, enviando para cá mais dois missionários: Frei Damião de Grunes e Frei Vitorino de Malé.

Frei Damião (Bartolomeu Eccli) nasceu aos 21 de dezembro de 1854. Era filho de Leonardo e Madalena Eccli, de Grumes (Grumesio). Vestiu o hábito aos 24 de fevereiro de 1873. Professou solenemente aos 27 de fevereiro de 1877. Foi ordenado aos 14 de julho de 1878.

Com seu companheiro chegou a Piracicaba aos 4 de outubro de 1897 e foi destinado a morar no convento do Largo São Francisco, do qual, com Frei Bernardino de Lavalle, Frei Vicente de São Tiago e Frei José de Cassana, tomaram posse aos 14 de novembro desse mesmo ano. Ali, muito trabalhou, orientando os Terceiros franciscanos na fundação de um pequeno folheto que era distribuído ao final das missas dominicais e que se tornou a revista “ AVE MARIA “. - Já em janeiro de 1900, com Frei Silvério de Rábbi, foi missionar Santa Cruz das Palmeiras e em julho, com Frei Policarpo de Lévico, após uma viagem de trem e cerca de 5 horas a cavalo chega a São José do Paraitinga para uma missão de 15 dias.

Após o São Francisco, Frei Damião vai residir em Taubaté, de onde sai a 21 de setembro de 1903 para ir como vigário conventual em Piracicaba. Nesse ano, a 30 de setembro, com Frei Jerônimo de Vínego, parte para uma grande Missão em Descalvado, pregando na cidade, nos sítios e fazendas dessa paróquia, onde era vigário o inesquecível amigo dos frades Padre Manoel Francisco Rosa. Encontrando o Hospital local em péssimas condições e quase para fechar as portas, Frei Damião lutou muito para ressuscitá-lo e o conseguiu, chamando para lá as Irmãs Franciscanas do Coração de Maria. As missões se prolongaram também por toda a Quaresma encerrando-se a 3 de abril de 1904... Ali deixou fundada a Ordem Terceira com bom número de Irmãos.

De 25 de novembro de 1904 até 16 de dezembro nós o temos em Avaré, pregando missão com seu colega Frei Policarpo de Lévico.

A 7 de janeiro de 1908 tomou posse como guardião em Piracicaba, renunciando a 10 de janeiro de 1909, “por vários incômodos e muito especialmente para sua paz e tranqüilidade de consciência, espontaneamente, voluntariamente e livremente” – como deixou registrado na CRÔNICA daquele convento. Em 1911, novamente com Frei Policarpo, missiona a diocese de Botucatu: Itapeva, Apiaí, Barra do Turvo, Iporanga, Salto do Rio Grande, Ribeira, Morro Agudo, Palmeiras, Capoeiras, Tocos... Igualmente, de 21 de abril a 7 de dezembro de 1913 missionou a diocese de Taubaté percorrendo suas capelas juntamente com Frei Ângelo do Bom Conselho. Durante esses nove meses de missão, o missionário e seu colega reavivaram a fé nessas localidades com breves retornos ao Convento taubateano e com grande proveito para o povo fiel. Posteriormente voltará a essa paróquia, de 16 de fevereiro a agosto de 1914, e prepara (constrói) a casa paroquial em Quiririm.

Aos 25 de agosto inicia missão em Redenção da Serra.

Aos 10 de julho Frei Víctor de Dovena tomou posse como vigário em Quiririm, sendo pouco depois substituído por nosso Frei Damião nesse cargo.

Durante a Guerra 1914-1918, o mal estar e a prevenção contra austríacos e alemães veio perturbar o bom frade, pois no dia 1º de novembro de 1917 o bispo de Taubaté convoca o Guardião Frei Jacinto de Prada e lhe comunica, sem mais, que uma petição de 79 assinaturas de Quiririm pedia a remoção de Frei Damião por ele ser alemão (austríaco), “perigoso e incompatível numa paróquia de ítalo-brasileiros”, em tempo de Guerra.

O bispo não foi cauteloso no pedido precipitado e, para não sujeitar o frade a vexames etc.. encaminhou-o ao guardião solicitando um padre italiano ou brasileiro. Por sua vez o superior não perdeu a ocasião propícia para retirar Frei Damião da paróquia, o que não era nada mal para a Missão. Igualmente decidiu “não ceder padre algum como vigário... e assim livrar-se para sempre daquela paróquia que só servia de estorvo espiritual e material”, como registra o Livro Tombo de Taubaté (1º) – à fl. 40. E no mesmo dia 1º, o povo que se reunia para a festa de Todos os Santos e para Finados, ao saber do que acontecera ficou tão revoltado que queria linchar os poucos culpados e não o fizeram porque se esconderam a tempo. Poucos, por que foram cerca de 5 pessoas que correram a lista, até pagando doces para crianças assinarem, além de pessoas fantasmas. E com isso, povo e bispo ficaram sem a dedicação total do vigário Frei Damião e é tradição que corre lá, que Frei Damião não teria nem um pouco abençoado aquele lugar!! Posteriormente há nova lista pedindo a volta do padre ou de outro, mas os superiores julgaram oportuno não atender por vários motivos.

De 3 a 18 de junho de 1918 Frei Damião, com Frei Leonardo de Campinas, missiona Bias Fortes, sul de Minas, que há 40 anos não tinha Missão e fora escandalizada por um padre que deixara a batina.

Desenvolveu muitos outros trabalhos em várias paróquias de São Paulo. Em Piracicaba, no ano de 1905, reanimou a popular festa do Divino reunindo grande massa popular e reanimando essa tradição interrompida já há dois anos . Fundou varias fraternidades da Ordem Terceira, sendo grande entusiasta da mesma. Quando residia no Largo São Francisco, fundou, com Frei Silvério o jornal “La Luce” aos 7 de dezembro de 1906 e que já a 15 de dezembro passa a denominar-se “La Squilla”. Desempenhou importante tarefa formativa entre a colônia italiana da capital e do interior. Era um semanário rico em assuntos formativos e noticiosos. Foi publicado até princípios dos anos 30.

A ele devemos também a preciosidade das CRÔNICAS do Convento de Piracicaba (1890-1924); do Convento São Francisco em São Paulo( 1897-1909), Relatórios de Missões pregadas por ele e por Frei Ângelo na diocese de Taubaté, nos anos de 1913 e 1914.

Seu trabalho na vinha do Senhor foi “constante, indefeso: missões, pregações, catequeses, administração dos sacramentos, máxime da penitência, visitas aos doentes, encheram seus preciosos dias”, como está escrito em “Anais Franciscanos”, ag.1927 – p. 247).

Suas residências mais prolongadas foram: São Paulo, Piracicaba e Taubaté. Por muitos anos em Piracicaba, aos 10 de setembro foi para São Paulo, onde faleceu a 21 de junho de 1927, às 11 horas. A morte o encontrou em pleno uso de suas faculdades, embora atacado de arteriosclerose.

Frei Damião foi uma jóia de nossa Missão. Amou-a e se dedicou plenamente, em tempo integral, ao serviço de Deus e dos irmãos. Sua memória será eternamente grata para todos.

Frei Mateus Gaspar Lopes

21/04/1911
23/06/1994

De nacionalidade portuguesa

Frei Mateus Gaspar Lopes (Martinho Gaspar Lopes) nasceu em Souto da Carpalhosa, Leiria, Portugal, aos 21 de abril de 1911. Era irmão gêmeo de Frei Jerônimo Gaspar Lopes. Era filho de Antônio Gaspar Lopes e Teresa Soares Lopes. Foi batizado pelo Pe. Manoel Ferreira Geraldo, na igreja de Souto da Carpalhosa, aos 25 de maio de 1911. Foi crismado por Dom Manoel Matos, na mesma igreja, aos 31 de outubro de 1915. Fez a Primeira Eucaristia, recebida das mãos de Dom José da Silva, Bispo de Leiria, na igreja de Mata dos Milagres, em 1919. Cursou os primeiros estudos em Mata dos Milagres. Aos 18 de fevereiro de 1924, com seu irmão gêmeo Frei Jerônimo, entrou para o Seminário São Fidélis, em São Paulo.

Noviciado e Profissão

Vestiu o hábito franciscano capuchinho, no convento Santa Clara, Taubaté, iniciando o noviciado aos 17 de fevereiro de 1929. Foi seu Mestre Frei Ricardo de Denno. Fez a profissão temporária, perante Frei Tiago de Cavêdine, em Taubaté, aos 23 de fevereiro de 1930. Emitiu a profissão perpétua, perante Frei Jacinto de Trieste, visitador da Ordem, em São Paulo, aos 25 de março de 1933.

Filosofia, Teologia e Ordenação

Estudou Filosofia e Teologia no convento Imaculada Conceição de São Paulo nos anos 1930 a 1932; 1933 a 1936. Dom Frei Luís Maria de Santana conferiu-lhe a Primeira Tonsura e as Ordens Menores, de 20 a 21 de agosto de 1933, em São Paulo. Foi ordenado Subdiácono por Dom José Carlos Aguirre, em São Paulo, igreja Nossa Senhora do Carmo, aos 10 de novembro de 1935 e Diácono por Dom José Gaspar de Afonseca e Silva na igreja do Mosteiro São Bento, aos 21 de dezembro de 1935. Recebeu a Ordenação Sacerdotal pela imposição das mãos de Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo, na igreja Santa Ifigênia, funcionando como Catedral provisória, aos 29 de dezembro de 1935. Concluiu os estudos em São Paulo, em novembro de 1936.

Ministério sacerdotal no Estado de São Paulo

Em novembro de 1936, concluídos os estudos, recebeu transferência para Penápolis. Aí foi Diretor da Congregação Mariana. Em novembro de 1937, foi transferido para o Seminário São Fidélis de Piracicaba, como Mestre de Disciplina e Professor.

Em Portugal

Em 1º de fevereiro de 1939, recebeu do Ministro Geral a obediência para deixar São Paulo e partir para Portugal a fim de trabalhar na implantação da Ordem naquele país. Em Portugal, residiu em Serpa, Fafe, Porto, Coimbra, Lisboa, Fátima e Gondomar. No Comissariato de Portugal, organizou e fundou o Seminário sendo o primeiro Reitor; fundou novas Casas Religiosas, sendo o primeiro Guardião em Coimbra, Lisboa e Fátima. Foi o terceiro Comissário da Ordem em Portugal por um triênio. Foi encarregado da continuação das obras das igrejas de Porto, Fátima, da construção da nova igreja e Seminário em Gondomar. Com seu irmão gêmeo Frei Jerônimo, passou a ser pregador missionário.

De volta à Província de São Paulo

Em 1968, com seu irmão gêmeo Frei Jerônimo, regressou à Província de São Paulo e se encarregou da paróquia e da construção do Santuário Nossa Senhora de Fátima, em Sapopemba. Aí foi o primeiro Guardião e pároco da paróquia. Permaneceu em Sapopemba até janeiro de 1978, sendo num triênio, Guardião e pároco, em outro, vigário paroquial e Vice-Superior. Em janeiro de 1978, com seu irmão Frei Jerônimo, foi transferido para Mococa, como Guardião do convento.

Definitivamente em Portugal

O Definitório Geral, aos 2 de fevereiro de 1979, atendeu o pedido e decidiu conceder licença ao Frei Mateus Gaspar Lopes e Frei Jerônimo Gaspar Lopes para se transferirem para a Província Capuchinha Portuguesa enviando-lhes a respectiva “obediência”.

Falecimento

Frei Mateus Gaspar Lopes faleceu no Hospital de Barcelos, Portugal, onde se encontrava enfermo já há vários dias, aos 23 de junho de 1994. Contava 83 anos de idade, 64 de Vida Religiosa na Ordem Franciscana Capuchinha e 59 de ministério sacerdotal. O Deus de misericórdia certamente lhe concedeu a recompensa pela abnegada doação religiosa e sacerdotal com que enriqueceu a sua Igreja.

Irmãos Gêmeos

Frei Mateus era irmão gêmeo de Frei Jerônimo Gaspar Lopes
(+ fevereiro de 2003). Entraram juntos para o Seminário, para o noviciado. Até a morte de Frei Mateus, viveram e trabalharam sempre juntos. Os dois eram ardorosos missionários. Propagavam a devoção à Nossa Senhora de Fátima. Tinham um amor apaixonado pela mãe de Jesus.

Frei Joaquim Dutra Alves, O.F.M. Cap.

Veja Mais