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Frei Luiz de Cimitile

04/09/1837
15/06/1902

04.09.1837 - Cimitile/Itália
31.10.1902 - Cimitile/Itália

Frei Luiz de Cimitile (Michele Mercogliano) nasceu em Cimitile (Província civil de Nápoles) aos 4 de setembro de 1837. ra filho de Felice Mercogliano e Maria D'Amore. Entrou na Ordem Capuchinha na província de Nápoles, recebendo o hábito no dia 24 de dezembro de 1854, em S. Agnello di Sorrento com o nome de Frei Silvestre de Cimitile. Foi admitido à profissão aos 9 de dezembro de 1855, neste mesmo local e os votos perpétuos, aos 15 de abril de 1858. (Não se sabe por que trocou o nome de Silvestre para Luiz). Foi ordenado sacerdote aos 8 de dezembro de 1861.

Chegou ao Brasil em janeiro de 1865, como missionário apostólico, acompanhado pelos padres: Frei Jerônimo de Montefiore e Frei José Maria de Loro. Esteve um ano no Rio de janeiro, onde os capuchinhos tinham a sede do Comissariado Geral das Missões junto à Corte. Era Comissário Geral, nesta época, Frei Caetano de Messina. A ele cabia a tarefa, de acordo com os funcionários do Império, de destinar seus confrades às diversas regiões da Missão.

Assim, por sugestão do então ministro da Agricultura, o conselheiro Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá, paranaense de nascimento, Frei Luiz foi designado para aquela província, «onde, à disposição da Presidência da mesma Província que se entendendo com Frei Timóteo de Castelnuovo o empregara na Catequese e Civilização dos índios».

No Paraná, Frei Luiz chegou aos 9 de janeiro de 1866, na colônia militar de Jataí, e mais precisamente no aldeamento de São Pedro de Alcântara, ficando não mais de um ano,, o tempo suficiente para ganhar, com Frei Timóteo, a necessária experiência que enriqueceu nos posteriores trabalhos a ele confiados. Isto nos leva a crer que, no contato com o velho mestre Frei Timóteo, tenha-se familiarizado com a língua dos nativos.

Por mais de dez anos esteve Frei Luiz no Aldeamento de São Jerônimo. Retornando a São Pedro de Alcântara, foi enviado por Frei Timóteo, no início de 1876 para dirigir o novo Aldeamento de Santo Inácio do Paranapanema, fundado no lugar da histórica redução jesuítica de Santo Inácio-Mini.

Sobre os belicosos caingangues, Frei Luiz deixou uma pequena mas preciosa monografia, publicada em Curitiba (1882) sob o incentivo do então Presidente Carlos Augusto de Carvalho, com o título: Memória dos costumes e religião da numerosa tribo dos Camés que habitavam a Província do Paraná. O valor desta obra é indiscutível. "Cabe a Frei Luiz o mérito de ter sido o autor da primeira monografia de caráter etnográfico, em língua portuguesa, sobre os caingangues do Paraná" (F. Loureiro).

Trabalhou por 10 anos no Aldeamento de São Jerônimo da Serra, levandoo à prosperidade. Este homem de «têmpera dinâmica, enquanto conseguia a escola e realizava a instrução religiosa, realizou um plano de obras: construção de casas, estradas, canalização de água, que deram ao aldeamento um grande progresso; ao mesmo tempo ampliou a agricultura, procurou o número dos primitivos e de famílias civilizadas. Em 1880 São Jerônimo contava mais de 400 índios já convertidos e semicivilizados» (Metódio da Membro)

O dinamismo de Frei Luiz não se limitou a São Jerônimo, centro catequético, mas expandiu sob o aspecto agrícola e social, numa das mais vigorosas realizações com a fundação da «Colônia Dantas Filho», altamente elogiada pelas autoridades brasileiras de então.

Em 15 de janeiro de 1881 Frei Luiz deixou São Jerônimo e foi a Guarapuava para realizar outras misses.

Em 1882 viajou para a Itália, com intenção de trazer mais missionários. Por um ano dirigiu os trabalhos na construção da Catedral de Curitiba, de novembro de 1883 a outubro de 1884. A seguir, o governo encarregou-lhe um importante trabalho em Santa Catarina: trabalhar com os os colonos italianos de Urussanga, apaziguando os índios Botocudos que haviam atacado a dita colônia, tendo massacrado alguns emigrantes. Havia um clima de guerra entre os índios e os colonos. Frei Luiz havia conseguido alguns indiozinhos botocudos (quatro meninos e uma menina). Batizou-os em Desterro (atual Florianópolis), para ver se conseguiria atrair índios adultos por meio deles. No início não obteve nenhuma aproximação. Decidiu ficar em Urussanga com os colonos. Por fim, tornou-se líder dos imigrantes e dos índios. Ali construiu a igreja matriz. Esteve em Santa Catarina até 1887. Estava relativamente bem quando recebeu uma daquelas inesperadas transferências para a Amazônia. Não aceitou, alegando cansaço e falta de saúde. Voltou, então para a Itália.

Em Roma foi nomeado diretor do Colégio Missionário São Fidélis.

Faleceu em sua cidade natal, com 65 anos de idade, aos 15 de junho de 1902.

Frei Honório de Bassano

04/06/1913
15/06/1945

04.06.1913 - Santa Croce de Bassano/Itália
15.06.1945 - Bom Retiro/Santa Catarina

Nasceu aos 4 de junho de 1913 em Santa Croce de Bassano (Itália). Iniciou os estudos nos seminários de Rovigo e Verona. Aos 14 de agosto de 1929 recebia o hábito, em Bassano del Grappa, das mãos do Frei Rufino de Cadore que o encaminhou com firmeza e bondade à entrega de si mesmo, emitindo os primeiros votos (15.08.1930).

Cursou filosofia em Pádua, teologia em údine e Veneza, quando também emitiu sua profissão perpétua (29.06.1935). No dia 14 de agosto de 1938 recebia com imensa alegria o sacerdócio, na igreja do Santíssimo Redentor, pelas mãos do Cardeal Patriarca Adeodato Piazza.

Passados alguns meses, os superiores o destinaram à Custódia do Paraná com outros cinco frades. Recebeu o crucifixo missionário (01.01.1939) em Gorizia do arcebispo Dom Carlos Margotti. Com entusiasmo apostólico zarpou de Trieste com o navio "Neptunia", no dia 5 de janeiro de 1939, chegando em Curitiba aos 22 de janeiro, onde terminou o ano de pastoral.

Trabalhou um pouco em Capinzal (1940), como vigário paroquial. Em 1941 encontrava-se em Butiatuba como professor no seminário, dando belas provas de seu dote pedagógico. Ajudou pastoralmente, por breve tempo, em Joaquim Távora (1941), em Santo Antônio da Platina (1943), em Butiatuba novamente (1943) e, finalmente, em Barra Fria (1944).

Transferido para o seminário de Barra Fria, SC, ai foi visitado pela doença que os melhores cuidados dos médicos não puderam debelar. Depois de 30 dias de cama, quando a doença, que os médicos diagnosticaram como tifo, parecia ter melhorado, surgiu uma complicação com o fígado que o enfraqueceu grandemente. Sempre demonstrou admirável paciência e resignação. Na flor da idade sacrificava sua vida para o bem da Província. Confortado com os santos sacramentos, faleceu às 18h de 15 de junho de 1945, no hospital de Bom Retiro, SC, assistido pelos confrades, mas especialmente por Frei Erasmo de Loreo, estando presentes também frades franciscanos e irmãos maristas de Joaçaba. O bispo de Lages que, naqueles dias se encontrava em Joaçaba, visitou-o duas vezes. Após seu falecimento, no dia 15 de junho de 1945, Dom Daniel quis pessoalmente fazer a encomendação do frei falecido. O superior, Frei Barnabé Ivo Tenani ,conseguiu chegar para também benzer o corpo.

Durante as últimas exéquias estavam presentes o superior dos Frades Menores de Bom Retiro, o superior dos maristas, de Joaçaba e os capuchinhos de Barra Fria e Capinzal.

Seu corpo, levado a Barra Fria, foi acompanhado ao cemitério da Vila por uma grande multidão de pessoas, estando presente também Dom Daniel Hostin, Bispo de Lages, que bem testemunharam o apreço em que era tido. Seus restos mortais, sepultados em Barra Fria, foram transladados para Butiatuba, em 1989, por Frei Daniel Heinzen.

Frei Francisco de Capodístria

02/11/1882
16/06/1936

02.11.1882 - Capodístria/Itália
16.06.1936 - Joaquim Távora/Paraná

Aos 2 de novembro de 1882 nascia na risonha Capodístria Frei Francisco. Com 13 anos entrou no seminário seráfico, na Província de Veneza. Aos 17 de novembro de 1897 iniciou o noviciado em Bassano del Grappa, recebendo de Frei Cesário de Villafranca uma formação verdadeiramente franciscana: austera e alegre!

Terminados seus estudos de filosofia e teologia, na Basílica de Nossa Senhora da Saúde recebeu o sacerdócio aos 10 de agosto de 1910 do cardeal patriarca Dom Aristides Cavallari. Sempre o sorriso da Virgem Maria o acompanhará. O filho devoto cantará os louvores à Mãe de Deus até os últimos momentos de sua vida.

Sua alma altamente apostólica deixou a terra natal, depois de 14 anos de ensino nos seminário de Verona e Rovigo e no estudantado de Filosofia de Thiene. Em 1920 uniu-se ao segundo grupo de capuchinhos vênetos em demanda ao Paraná.

Apareceram seus dotes, seu grande coração. Pároco por seis anos em Jaguariaíva (1920-1922; 1924-1934), vigário paroquial em Cerro Azul (1923), Tomazina e Siqueira Campos (1934), Joaquim Távora (1935-1936). Soube prestar seu trabalho inteligente e valioso. Pastoralmente trabalhou como vigário paroquial e pároco. Na fraternidade, exerceu os cargos de superior local e de 1 conselheiro da Missão de 1928 até 1934.

Sempre disponível à voz da obediência, sempre caridoso com todos e pronto a socorrer as almas. Com sua jocosidade, sua simplicidade quase infantil, com sua calma característica, com sua perfeita resignação em sua frágil saúde, semeava em toda parte o exemplo de virtudes franciscanas.

Foi o primeiro pároco de Joaquim Távora: de outubro de 1935 até o momento em que a irmã morte veio buscá-lo para levá-lo à alegria perene. Era o dia 16 de junho de 1936: festa em Joaquim Távora. Sua Ex.a Dom Fernando Taddei, Bispo de Jacarezinho, estava presente para administrar o Santo Crisma. De tarde, após a procissão, Frei Francisco enquanto dava a bênção com o Santíssimo, sentiuse mal. Percebeu que seu fim era iminente. Só teve tempo de voltar à sacristia e, ainda com a estola e sobrepeliz, saiu da igreja para respirar. E disse a Frei Henrique: "Padre, está me acontecendo o que ocorreu a Dom Francisco Braga" (este bispo faleceu de um ataque de apoplexia). Convidado por Frei Henrique a ir para casa, não pode caminhar. Levado com um carro para a casa paroquial, chegou o médico e logo constatou a gravidade do caso. O último movimento de Frei Francisco foi olhar para Frei Henrique e fazer o sinal da cruz. O Senhor Bispo o ungiu com os Santos óleos. As 22 horas voava para o céu.

O povo sentiu profundamente a perda de seu bondoso pároco. O enterro foi surpreendente e comovente. Digna coroa de tantos merecimentos que Frei Francisco soube conquistar. Nos elogios fúnebres foi comparado ao soldado que morreu no campo de batalha.

Aos 25 de janeiro de 1938, o prefeito de Joaquim Távora, Luiz de Barros Campos, assinou o decreto com o qual designava uma rua da cidade com o nome de Frei Francisco de Capodístria, por ter sido o primeiro pároco e em reconhecimento às suas qualidades morais e religiosas.

Frei Francisco foi sepultado no cemitério local. Mais tarde, por iniciativa do pároco Padre João e com a autorização e bênção de Frei Patrício de Nébola, então Comissário Provincial, aos 30.07.1961 seus restos mortais, juntamente com os de Frei Leonardo de Fellette, foram solenemente transladados para a Igreja Matriz daquela cidade. Em sua lápide, com o brasão franciscano, lê-se: "Aqui jaz / na paz do Senhor / padre Francisco Capuchinho / Nascido aos 02.02.1882 / Falecido aos 14.06.1936 / Intrépido soldado de Cristo / o seu povo".

Frei Nereu José Bassi

20/05/1916
17/06/2006

* 20.05.1916 – Valle de Reana/Itália

† 17.06.2006 – Butiatuba/PR

Frei Nereu José Bassi faleceu aos 17.6.2006 e foi enterrado aos 18.6.2006, domingo, em nosso cemi­tério de Butiatuba.

Frei Nereu José Bassi nasceu em Valle di Reana (Itália), filho de Luiz Bassi e de Emília Croato. Padre José Venuti batizou-o aos 20.5.1916 na igreja São João Batista de Valle di Reana, sendo crismado na mesma igreja aos 22.11.1924 e, nesse mes­mo dia, fez a primeira comunhão. Após ter iniciado os estudos primári­os em escolas da prefeitura em Valle di Reana, terminou-os no Seminário (1924-1928).. Em Rovigo e Verona completou o primário e o curso gina­sial (1929-1934). Em Bassano dei Grappa fez o noviciado (1935-1936); filosofia em Pádua (1936-1939) e o primeiro ano teológico em Údine 1939).

Missionário

Foi destinado ao Brasil logo após o primeiro ano de teologia pelo Minis­tro Provincial frei Jerônimo Bortignon. Partiu de Nápoles com o navio Ocea­nia aos 12.12.1939, com frei Luís de Bassano e frei Tito Olivetto. Chegou ao porto de Santos (Brasil) aos 27.12. 1939 e, em Curitiba, aos 31 do mes­mo mês. Permaneceu no convento das Mercês, onde fez o 2º, 3º e 4º de teologia, sendo ordenado sacerdote aos 30.11.1941, por Dom Ático Eusébio da Rocha, na catedral metropolitana de Curitiba.

Primeiras atividades

Terminados os estudos, foi envia­do para o seminário de Barra Fria-SC (2.2.1942), hoje Lacerdópolis, que ti­nha sido inaugurado nesse mesmo ano. Exerceu o cargo de vice-diretor do seminário, professor, vigário paro­quial e reitor da igreja de Lacerdópolis. Em seguida, trabalhou em Santo An­tônio da Platina (1946), Congonhinhas (1947), Irati (1948), Curitiba (1952), Ponta Grossa como Custódio Provincial na igreja Ima­culada Conceição (1954), Londrina (1958), Curitiba (1967), Butiatuba (1975), Campo Magro (1987). Desde 1996 permaneceu no convento das Mercês, em Curitiba, em tratamento e atendendo confissões.

No apostolado, as maiores dificul­dades que encontrou foram em Congonhinhas onde devia atender paróquia imensa, viajando a cavalo. Por causa das distâncias, frei Nereu comprou, com licença do visitador frei Paulino de Premariaco, uma motoci­cleta para o apostolado. Isso em 1947. Sempre se deu bem com o po­vo, desde o mais simples até às au­toridades municipais e estaduais. Nos diversos lugares onde trabalhou, lu­tou para o bem do povo, não se can­sando de falar com autoridades para envolvê-las em trabalhos de promo­ção humana.

Em Irati, construiu as torres, a es­cadaria da frente, colocou o ladrilho na igreja Nossa Senhora da Luz, a porta cen­tral definitiva e fez calçadas. Antes de acabar a segunda torre e o reboco da fachada da igreja, frei Nereu foi trans­ferido para Curitiba, assumindo o car­go de pároco das Mercês.

Em Curitiba, frei Nereu e os freis que o auxiliavam deram mais vida aos movimentos eclesiais; iniciaram as visitas do Menino Jesus no tempo de Natal às casas de crianças e con­centração das mesmas e diversas outras iniciativas pastorais. Com suas insistências e a ajuda de Milton Anselmo da Silva, frei Nereu conseguiu fazer rebaixar a Avenida Manoel Ribas e seu asfaltamento; liberar no porto de Paranaguá e trazer até as Mercês os sinos doados pela família Lupion.

Custódio Provincial

No período em que foi Custódio Provincial (17.7.1954-20.12.1957), a Custódia, segundo escreveu o mes­mo frei Nereu, “estava bem espiritual­mente, mas apostolicamente muito dispersa por falta de pessoal”. No se­tor da economia, encontrou dificulda­des por causa das dívidas contraídas com a construção do Seminário San­ta Maria, em Riozinho-PR, mas con­seguiu, com muito sacrifício, deixar tudo em dia. Reforçou algumas fra­ternidades com mais frades e insistiu muito nos retiros anuais. Foi durante seu governo que frei Zacarias de São Mauro (Ministro Provincial de Veneza) visitou a Custódia, que foi dividida, pela primeira vez, em setores. Ini­ciou também o primeiro folheto voca­cional com o título “Jardim Seráfico”. Adquiriu de escola, fundada por frei Ambrósio Canato (pároco de Mandaguaçu-PR) uma tipografia, que foi le­vada e montada em casa ao lado do convento Imaculada Conceição (Igre­jinha), em Ponta Grossa. Passados alguns anos, as atividades tipográfi­cas cessaram. Em Capinzal/Ouro- SC, comprou um terreno de Marcos Penso para futuro seminário. Com o visitador frei Zacarias organizou juridi­camente nossa entidade com o nome “Missionários Capuchinhos do Paraná e Santa Catarina”.

Noviciado

Quando foi eleito Custódio, o no­viciado funcionava, com dificulda­des, em Barra Fria-SC. Inicialmente, houve tentativas para construir novo prédio em Barra Fria, mas a ideia de construir um convento em Siqueira Campos prevaleceu porque naquela região não havia nenhum convento. A construção foi feita em terreno, do­ado e comprado do sr. Joaquim Car­valho. Em pouco tempo o prédio estava pronto para receber os primei­ros noviços. A casa tomou-se também o ponto de referência para reuniões e retiros dos freis que trabalhavam no norte pioneiro.

Londrina

Quando frei Nereu terminou seu mandato de Custódio, foi enviado à Londrina aos 30.1.1958 para instalar a primeira casa dos capuchinhos na­quela cidade. Como não tínhamos casa, hospedou-se com os padres Xaverianos. Chamado pelo então bis­po, Dom Geraldo Fernandes, este lhe disse que procurasse o lugar para os capuchinhos na região do aeroporto. Primeiramente pesquisou andando de charrete. Em seguida, com a aju­da de helicóptero e de um carro, em­prestado por  Antônio Vicentini, encon­trou uma serraria na região, cujo dono, após os primeiros contatos, ofereceu o terreno, onde mais tarde foram construídas a igreja paroquial e de­mais dependências.

Estando nesse local, o apostolado social de frei Nereu em Londrina nas­ceu quase espontaneamente. Perto da então nossa paróquia Nossa Senhora de Lurdes havia a miserável favela do Grilo. Em reunião de pastores protes­tantes, funcionários da prefeitura de Londrina, decidiu-se aplicar um pla­no de reconstrução de casas. Este projeto empolgou frei Nereu e come­çou seu trabalho. Frei Nereu falava pela Rádio e Televisão pedindo ajuda para essa obra social, sendo atendi­do por inúmeros londrinenses Uma rádio local lhe ofereceu um espaço na hora do almoço e ele começou a fazer o “leilão da fraternidade”, pondo à venda vários objetos (livros, anéis, pinturas e outros). Trocou até o nome de “Vila do Grilo” por ‘Vila da Frater­nidade”.

Em 1963 já tinha construído seis casas que, aos poucos, chegaram a 188 casas. Foram construídas tam­bém a igreja, escola, parque infantil, ambulatório e lavandaria pública, além da abertura de ruas e colocação da rede de água e luz elétrica. Conse­guiu até voluntários alemães para tra­balhar no desfavelamento da Vila. O nome de frei Nereu tomou-se conhe­cido e apreciado em toda a região. O jornal Folha de Londrina fez muitas publicações sobre essa obra de pro­moção humana de frei Nereu.

É interessante notar que a direto­ra do Banco Nacional de Habitação (Sandra Cavalcanti) esteve proposi­tadamente em Londrina para falar com frei Nereu e ver sua obra. O Ban­co aproveitou da iniciativa de frei Nereu para lançar, em 1965, a cam­panha da construção de casas popu­lares.

Festa de São Cristóvão

Aos 25 de julho de 1948, frei Nereu realizava na igreja Nossa Senhora da Luz em Irati, a festa e a primeira bênção de motoristas e veículos, considerada hoje a mais antiga do Brasil, constata pelos estudos do padre Mário Litewka, da Pastoral Rodoviária do Brasil. Em Curitiba, frei Nereu, autorizado pelo ar­cebispo D. Manoel da Silveira D’EI- boux, programou, pela primeira vez, a bênção de motoristas e veículos para 27.7.1952 (domingo), prepara­da por um tríduo. Na parte da manhã, bênção da estátua de São Cristóvão e solene missa com a presença de motoristas. À tarde, 1.500 veículos receberam a primeira bênção dos freis capuchinhos. Esta bênção con­tinuou em ritmo crescente até 25 de julho de 1958, quando o arcebispo criou a paróquia São Cristóvão, na Vila Guaíra, para onde passou a bênção oficial dos carros. No entanto, os capuchinhos continuaram a atender aos muitos pedidos. Nos últimos anos, a bênção da primeira sexta-feira do ano, atrai até 30 mil pessoas e mo­toristas à igreja dos Capuchinhos nas Mercês.

Títulos

Frei Nereu recebeu diversos títu­los: Cidadão honorário do Estado do Paraná às I5h de 23.9.1982 na Assembleia Legislativa, Cidadão Hono­rário de Londrina, de Irati, de Campo Magro (18.5.2000).

Imprensa

Os jornais do Paraná e alguns da Itália publicaram muitos artigos e en­trevistas de frei Nereu. Com facilidade, teve acesso às TVs, rádios, empre­sas, faculdades, onde falava ou reza­va missas. Em nosso arquivo provin­cial, temos mais de 80 recortes de jornais com reportagens ou entrevis­tas de frei Nereu.

Desde 1996 viveu no convento das Mercês, em Curitiba, dedicando- se às confissões, aconselhamento, visitas a doentes, ajuda a pobres. A partir de 2002 até seu falecimento, co­meçou limitar suas atividades por causa de problemas de saúde. Em junho de 2006, por duas vezes este­ve internado no Hospital Nossa Senhora das Graças, sendo obrigado a passar dias na UTI, onde veio a falecer. Segundo o certidão de óbito, frei Nereu faleceu aos 17.6.2006 de arritmia cardíaca, insuficiência cardíaca congestiva, hi­pertensão arterial e diabetes mellitus.

Às 15h de 17 de junho, foi cele­brada missa de corpo presente na igreja das Mercês, presidida por frei Darci Roberto Catafesta (guardião do con­vento das Mercês) e mais 18 concelebrantes. À tarde desse mesmo dia, seu corpo foi transportado para Butiatuba, permanecendo exposto na capela do cemitério até o dia seguin­te. Às 9h de 18.6.2006 (domingo), o Ministro Provincial (frei José Gislon) presidiu a missa exequial. Estiveram presentes freis das casas dos arre­dores de Curitiba, de Joinville e de Ponta Grossa, um bom grupo de pes­soas de Campo Magro que, em ges­to de gratidão, colocaram sobre o cai­xão a Bandeira de Campo Magro, acompanhando-o no sepultamento. Em sua homilia, o Ministro Provincial acentuou estes pontos:

“Frei Nereu se empenhou em toda sua vida em lançar as sementes de amor, de esperança e de confiança na misericórdia de Deus. Amava pro­fundamente o povo das comunidades onde atuou, interessando-se pelos problemas que afligiam o povo, não só religiosos, mas também a falta de escola, de hospital e de moradia dig­na. Foi pessoa que viveu além do seu tempo, nos projetos que tinha. Procu­rava transmitir seu idealismo às pes­soas nas comunidades. Demonstrou profundo amor à Província. Sonhou com uma grande Provinda. Trabalhou arduamente para construir casas de formação. Sempre se mostrou inte­ressado pela caminhada formativa da Província. Não tinha medo do novo. Muitas vezes dizia que os tempos eram outros e precisava mudar. Sa­bia valorizar os gestos de bondade. Soube aceitar os limites da doença. Frei Nereu nos deixa para entrar na história de nossa Província e das co­munidades onde trabalhou".

Frei Ricardo Moro de Vescovana

21/02/1876
18/06/1942

21.02.1876 - Vescovana/Itália
18.06.1942 - Curitiba/Paraná

Frei Ricardo nasceu em Vescovana (Itália) aos 21 de fevereiro de 1876. Ingressou na Ordem Capuchinha com 12 anos. Em Bassano del Grappa iniciou o noviciado (07.10.1893), onde fez sua primeira profissão (12.10.1894) nas mãos de Frei Alberto de Conegliano. Em Pádua, durante seus estudos, consagrou-se perpetuamente na Ordem aos 23.01.1898. Foi ordenado sacerdote pelo Cardeal de Veneza, José Sarto (São Pio X), aos 25 de julho de 1900, na igreja de Nossa Senhora da Saúde. Na Província vêneta foi professor e diretor dos seminários, e por onze anos superior dos capelães do Hospital Civil de Veneza.

Em 1919 foi designado superior da primeira expedição de missionários capuchinhos vênetos. Dom João Braga, Bispo de Curitiba e durante sua visita ad Limina Apostolorum em 1919, pediu ao papa Bento XV sacerdotes para sua diocese. O pregador apostólico, o capuchinho Frei Lucas de Pádua, aconselhou- a falar com o Ministro provincial de Veneza (Frei Serafim de údine). O papa abençoou o projeto e Dom João Braga, após entendimentos com o Ministro geral e o Ministro provincial de Veneza, com solene entrega do crucifixo missionário (11.09.1919) na basílica do Santíssimo Redentor, conseguiu viajar com o primeiro grupo de missionários vênetos no mesmo navio Mafalda, zarpando de Gênova (17.09.1919). Após estadias no Rio e São Paulo, Frei Ricardo com seus confrades pisavam o solo paranaense, em Curitiba, aos 20 de janeiro de 1920.

Por 12 anos, Frei Ricardo foi Superior Regular dos Missionários Capuchinhos no Paraná, sendo, ao mesmo tempo e sucessivamente, pároco das paróquias de Cerro Azul, Rio Branco do Sul, Almirante Tamandaré (1920), Jaguariaíva (1920-1925), Curitiba (1925-1931), ano em que deixou o governo da Missão. Fazia a cavalo a visita canônica aos frades de Jaguariaíva, Cerro Azul e Curitiba. Como superior soube dirigir bem os primeiros passos da missão, enriquece-la de obras, ampliar o campo de apostolado, criando coesão entre os frades e amadurecendo-a para ser Custódia.

Em 1921 adquiriu uma quadra de terreno no alto do bairro das Mercês. No curto prazo de seis anos (19231929), construiu a primeira ala do convento e a artística igreja de Nossa Senhora das Mercês. Um dos seus objetivos era preparar as vocações nativas. Por isso, em 1930, abriu o primeiro seminário no convento das Mercês (Curitiba) para vocações capuchinhas e foi o primeiro diretor.

Frei Ricardo deixou o cargo de Superior Regular da Custódia em 1931, sendo então designado pároco de Santo Antônio da Platina (1932-1937). Ali iniciou a construção do Hospital de Nossa Senhora da Saúde e fez o forroestuque da matriz; ornou a igreja com três artísticas imagens de madeira: Santo Antônio, Nossa Senhora da Saúde e Sagrado Coração de Jesus. Construiu também o Educandário Santa Teresinha.

Em 1937 retornou a Curitiba, exercendo os cargos de superior do convento e retiro da Igreja das Mercês. Seus dois últimos anos passou-os em Jaguariaíva (1941-1942), mas passou temporadas em Curitiba para tratamento da asterioesclerose, sempre assistido pelos frades do convento.. No dia 18 de junho de 1942 faleceu no Convento das Mercês. O Custódio, Frei Barnabé Tenani, encontrava-se em Barra Fria, Santa Catarina. Avisado imediatamente chegou a tempo para prestar homenagem a este que foi o primeiro superior da Missão. No dia seguinte, na igreja das Mercês, os superiores da Custódia celebraram a missa de corpo presente, com a presença do arcebispo de Curitia, de numeroso clero, de irmãos OFS, de outras associações religiosas e de fiéis que lotaram a igreja. Foi sepultado em nosso cemitério de Butiatuba.

Frei Ricardo era de baixa estatura, sempre de pouca saúde, de olhos vivos e penetrantes. Foi um verdadeiro bandeirante. previu o progresso de Curitiba, do Paraná e da Ordem.

Foi incansável como Superior e como pároco. Batalhou para o florescimento da piedade no meio do povo e para incremento da espiritualidade franciscana entre os confrades. Espera a ressurreição da carne na capela de Butiatuba.

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