Frei Tomás Durisotti de Moruzzo
23.02.1891 - Moruzzo/Itália
16.11.1975 - Ponta Grossa/Paraná
Em Moruzzo, aldeia italiana da região do Friuli, nasceu aos 23 de fevereiro de 1891 frei Tomás. Freqüentou o seminário capuchinho de Verona (15.09.1902) e iniciou o noviciado (17.07.1906) em Bassano del Grappa, onde emitiu sua profissão temporária (18.07.1907) nas mãos de frei Teodoro de Codróipo. Após os estudos de filosofia e teologia, foi ordenado sacerdote (29.05.1915) na basílica do Santíssimo Redentor, em Veneza, por Dom Nicolau Marconi.
Participou na primeira Grande Guerra Mundial, recebendo, aos 2 de junho de 1971,condecorações do governo italiano e o título de Cavalliere di Vittorio Veneto na Sociedade Cultural Italiana Dante Alighieri, em Curitiba.
Frei Tomás fez parte do segundo grupo missionário com destino às terras paranaenses. Passados sete meses da chegada dos primeiros capuchinhos, frei Tomás, com mais outros sete religiosos, embarcou (12.08.1920) no navio Vittorio Emanuele do porto de Gênova rumo à Missão do Paraná. Após o desembarque em Santos, São Paulo (31.08.1920), seguiu para Jaguariaíva, onde chegou aos 09 de setembro de 1920.
No mesmo mês de sua chegada, frei Tomás foi transferido para Cerro Azul (1920), onde onde chegou depois de três dias de viagem, partindo de Jaguariaíva. Antes dele, de 1873 a 1920, tinham passado 14 sacerdotes, mas ele permaneceu mais que todos nesse local. Somando os dois períodos (1920-1930 e 1932-1941) evangelizou mais de vinte anos em Cerro Azul. Tornou-se conhecido e amado em toda parte. Renovou e embelezou a igreja matriz. Construiu o hospital de Cerro Azul. Afervorou as associações religiosas e visitava umas 30 capelas. Todos admiravam sua coragem nas viagens e atividades.
Passou um ano em Jaguariaíva e São José da Boa Vista (1931) e depois retornou para Cerro Azul (1932), lá vivendo até 1941. Depois de ter passado seis meses em Capinzal (1942), foi para Jaguariaíva (1942) e lá permaneceu até 1952. Foi o período difícil da Segunda Guerra Mundial, quando também foi acusado de quinta coluna, mas com sua presença de espírito, humorismo e simpatia entre o povo, superou triunfalmente toda acusação.
Depois de ter vivido um ano (1953) em Ponta Grossa (Imaculada Conceição), assumiu a difícil paróquia de Reserva (1954-1962). Embora sua saúde não fosse a mesma dos anos passados, dedicou-se com afinco ao bem de seus novos paroquianos. Sua caridade e protidão em atender, seu proverbial humorismo e sua dedicação conquistaram a simpatia e a veneração dos fiéis. A partir de 1963, residiu sempre na fraternidade Imaculada Conceição, em Ponta Grossa, até seu falecimento (1975).
Caráter como o de Friuli, firme como um rochedo, dinmico como um possante motor, consumiu todas as suas energias, seu entusiasmo, seu ardor apostólico por mais de meio século: passou 29 anos na sua pátria e 55 anos em terras brasileiras. Deu o melhor de si nas paróquias de Cerro Azul, Jaguariaíva, Capinzal, Reserva e Ponta Grossa (Imaculada).
O povo admirava nele um autêntico capuchinho, humilde e pobre, alegre e cordial. Profundo observador, logo intuiu que o queriam como um deles. E soube adaptar-se à psicologia, ao gosto e ao modo de viver do povo. Parecia que tivesse nascido e sempre vivido em terras brasileiras. Falava o português com as mesmas flexões e expressões da sua gente, cantava as canções com a mesma cadncia e modulações. Vivia, viajava, cavalgava, gesticulava conforme o costume de cada lugar. Seu aspecto físico, mais rude que suave, o tornava mais semelhante a todos. Não obstante seu espírito de adaptação, sobressaía nele algo de superior: a delicadeza de sua dignidade religiosa e sacerdotal. Inspirava respeito e veneração. Ardia sobretudo nele a caridade. Aceitava privações e sacrifícios .
Sempre pronto às necessidades alheias, atendia todos os chamados de dia e de noite. Chegou ao ponto de sentir alegria em permanecer em lugares difíceis ou pela solidão, ou pela dificuldade de viagens longas.
Depois de ter percorrido os Estados do Paraná e Santa Catarina, aceitou com serenidade de espírito e completa adesão à vontade divina, a imobilidade dos ltimos anos. Ele mesmo pediu a Unção dos enfermos (15.10.1975). Resistia à idéia de internar-se no hospital Bom Jesus, em Ponta Grossa. Somente aceitou esta proposta aos 8 de novembro, onde foi fraternalmente assistido pelas religiosas, enfermeiros/as e freis, mas especialmente por frei Admir Matos de Souza.
Nas tranqüilas conversas saía com expresses poéticas que demonstravam toda sua alegria, o amor para com os confrades e o entusiasmo pelo Brasil jovem, sua pátria adotiva. Seu espírito juvenil, seu equilibrado otimismo suscitavam admiração e demonstravam que tinha uma alma franciscana, que consagrara seus 80 anos glória de Deus para o advento do Reino.
Preparado, sereno, esperava a irmã morte. Veio busclo no dia 16 de novembro de 1975. Era um Domingo. No dia seguinte, solene missa exequial na Igreja Imaculada Conceição em Ponta Grossa, com a presença de muitos freis, sacerdotes e fiéis. Em seguida, seus restos mortais foram transportados para Butiatuba, onde novamente se reuniram numerosos freis e amigos do falecido. Com o canto "com minha Mãe estarei" foi sepultado em Butiatuba.